Lidar com a perda de um ente querido requer tempo, compreensão e apoio mútuo entre as famílias. Lidar com a morte quando esta chega de maneira natural ou acidental, não é das tarefas da vida a mais fácil.
No entanto, Lidar com a morte de um familiar que cometeu suicídio é descrito para muitos como uma sensação de impotência e a impossibilidade de resposta para a pergunta:
O que é calado com o suicídio?
Umas das primeiras reações dos familiares quando algum parente comete suicídio é a culpa.
‘’O que eu fiz para que ela tomasse tal decisão'', ou ''o que eu poderia ter feito para evitar o ocorrido’’. Essas são as perguntas mais frequentes.
É comum aos familiares lembrarem da última vez em que tiveram contato com o ente querido que cometeu o suicídio, as pessoas resgatam as lembranças e pensam no que poderia ter sido evitado.
Como lidar com essa situação
Para nossa mente assimilar a perda, é preciso entender que houve um processo de morte, que o fim chegou de uma forma natural e inevitável, o que não acontece no suicídio.
A morte do suicida é drástica, é uma quebra do ciclo da vida, é como se uma pessoa tivesse sido sequestrada da vida dos familiares, não há tempo para assimilação nem despedida.
O Dr Leonardo Faleiro especialista em saúde mental, afirma que quando ocorre um suicídio na família, os familiares próximos acabam tendo a sensação de que nada mais vale a pena.
É um período em que eles levantam hipóteses e tem dúvidas importantes sobre os motivos que levaram uma pessoa a cometer esse ato, ficando expostos a sensações de depressão, culpa, tristeza profunda, pânico ou até mesmo indiferença, afirma.
Ele ressalta que neste caso, as situações geram marcas tão profundas que a melhor forma das pessoas lidarem com o tema é não tocarem no assunto.
É importante que a família entenda que não teve culpa na decisão da pessoa em tirar a própria vida.
‘’Se culpar é uma das piores alternativas para a superação’’, conclui.
A dor de quem fica
Superar a dor do luto já é muito difícil, perder alguém que se ama porque ela resolveu cometer suicídio é uma mistura de múltiplos sentimentos em relação ao ato da pessoa amada.
O familiar de uma pessoa que cometeu o suicídio passa a sobreviver com a dor do silêncio, um sentimento de uma pergunta que nunca chegará a uma resposta.
Lidar com o luto ao perder um familiar que cometeu suicídio não é tão simples, não é tão fácil.
O que fazer para superar o luto
O psicólogo Marcos Lacerda, dá algumas dicas sobre o que pode ser feito para superar a dor do luto.
- Deixe a ferida cicatrizar, respeite seu momento.
- Guarde as lembranças para depois. Rever fotos, roupas e objetos do ente querido não vai te ajudar neste momento.
- Conversar com pessoas próximas sobre o que está sentindo.
- Não fazer nada se não tiver vontade e as vezes se forçar a fazer.
- Chore quando julgar necessário.
- Adote um novo hobby: camimnhe, corra ou pratique algum esporte.
- Viva, era o que te diria seu ente querido se assim pudesse.
Ajuda médica
É importante que a família procure ajuda médica, existem psicólogos e psiquiatras que poderão auxiliar as famílias a superarem esta dor.
A terapia do luto é um procedimento que tem ajudado inúmeras famílias.
Estima-se que para cada pessoa que se suicida, seis pessoas que viviam a sua volta são afetadas diretamente.
Vivenciar esse processo de suicídio é algo muito doloroso aos familiares e amigos próximos. Com isso, a ajuda médica passa a ser primordial.
Adquirir uma nova rotina
A vida não será mais a mesma, isso é fato, no entanto, iniciar uma nova rotina pode ser uma boa opção para amenizar a dor e preencher o vazio que fica com a dor da perda.
Investir tempo com leitura, participar de grupos de apoio ou instituições filantrópicas são ótimas opções para o processo de cicatrização.
Estáticas de óbitos decorrentes do suicídio
O assunto é muito delicado, ainda mais quando se trata de um ente querido, este é um termo que se torna cada vez mais importante o debate nas famílias.
O último relatório da organização mundial de saúde (OMS) registrou que cerca de 30 pessoas morrem por dia em decorrência do suicídio.
A OMS relata que o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e revela também que mais homens que mulheres tiram a própria vida.
Processo do suicídio
Quando a pessoa entra no processo de suicídio ela passa por um período em que definha existencialmente, um período em que as coisas não fazem mais sentido.
Para a psicóloga e psicoterapeuta karina fukumitsu, uma pessoa que toma a decisão de tirar a própria vida, ela pensa apenas no aqui e agora, em acabar com o sofrimento que está passando naquele momento, mas ela esquece, das que ficam, dos familiares, amigos, e pessoas próximas que terão que conviver com essa dor para os restos das suas vidas.
Karina avalia que:
Quando uma pessoa comete o suicídio é porque faltou algum sentido de vida, é possível que alguém tenha estendido a mão, mas falta coragem para aceitar que você não é autossuficiente’’, avalia.
Grupos de apoio a sobreviventes do suicídio.
Existem diversos grupos de valorização a vida que prestam apoio aos familiares de pessoas que cometeram suicídio, entre eles destacam-se :
GASS - Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio , que realiza encontros mensais destinados aos familiares de pessoas que cometeram suicídio.
CVV – Centro de Valorização a Vida - Grupo que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio. O atendimento é gratuito e pode ser solicitado 24h por dia.
Mais informações disque 188.